Estratégias de investimento – 3 tipos de portfólios a considerar

Começar a investir é difícil, mesmo quando se aplica a produtos diversificados como os ETFs. Um bom portfólio para iniciantes pode ser construído com apenas alguns ativos, contudo muitos investidores iniciantes se interrogam – Qual o melhor portfólio para começar?

Com mais de 2300 ETFs domiciliados na União Europeia, a dificuldade em escolher os nossos investimentos aumenta, tanto para investidores iniciantes como para os mais experientes. De formar a ajudar os mais inexperientes na construção sua carteira inicial de investimento, os portfólios de ETFs padronizados são frequentemente recomendados, pois qualquer pessoa pode criar a sua carteira com apenas 2 ou 3 ETFs.

Pessoalmente gosto de simplificar, a complexidade no mundo das finanças é frequentemente exagerada, (por vezes não passam de boas jogadas de marketing). Por esse motivo, também é recomendado aos investidores que desejam começar a construir a sua carteira, que se iniciem em carteiras de ETFs simples.
Abaixo poderá encontrar alguns exemplos de estratégias de investimentos populares e simplificadas:

1. Portfólio 70/30

Este modelo recomenda, por exemplo, alocar 70% em ETFs de ações e os restantes 30% investidos em títulos de rendimento fixo (ETFs de obrigações). Este tipo de estratégia pode ser mais indicado para investidores iniciantes que estão mais dispostos a correr riscos. Em vez de limitar o portfólio em ações individuais, esta estratégia de investimento concentra-se na simplicidade máxima. Um ETF no MSCI World pode ser complementado com um ETF no MSCI Emerging Markets (em menor percentagem), de forma a aumentar a sua exposição geográfica.
Os mercados emergentes permanecem num caminho de crescimento e oferecem boas oportunidades aos investidores, são mais arriscados, mas também disponibilizam melhores rendibilidades.
Contudo, para melhor adequação deste modelo a longo prazo, não bastará apenas preferir os ETFs de ações – apesar do alto nível de diversificação, possíveis com diversas combinações.
Para reduzir o stress psicológico em difíceis fases no mercado bolsista, deverá posicionar-se de forma mais ampla possível. Os ETFs de obrigações poderão representar uma parte fulcral no seu portfolio, de forma a equilibrar e/ou minimizar o risco em períodos conturbados.  

Ainda assim, não deve haver espaço para complicações: as ações são, e provavelmente continuarão a ser, a classe de ativos com mais retorno. Nenhuma outra classe de ativos teve melhor desempenho no longo prazo, como comprova por exemplo, o desempenho do índice S&P 500 nas últimas décadas.

2. Portfólio 60/40

Uma estratégia de investimento com 60% de ações e 40% em obrigações tem sido a regra de ouro para a construção de um portfólio desde a década 50. No entanto, em anos de baixas taxas de juros e aumento da correlação entre os mercados de obrigações e ações, este modelo tem sido ultimamente criticado. Apesar disso uma alocação 60/40, sendo mais conservadora, poderá obter em média um retorno menor, contudo a relação risco-retorno é ainda considerada atrativa.
De uma forma geral em 2020 por exemplo, a perda máxima em ações nos EUA (S&P 500) foi 50% maior do que em obrigações nesse mesmo país.

Evidentemente, não se podem esperar grandes retornos em obrigações com boas classificações de crédito. Contudo, as obrigações atuam como amortecedores em caso de turbulência nos mercados financeiros. Assim reforço a importância da função psicológica, se a volatilidade cair a probabilidade dos investidores iniciantes entrarem em pânico e venderem todo o seu portfólio também diminui.

Muitos consideram que a carteira 60/40 ainda se justifica. No entanto, conforme os ativos aumentam, poderá fazer sentido incluir também outras classes de ativos. Ouro, commodities (ETCs) ou investimentos no imobiliário podem ser soluções válidas.

3. Portfólio 40-30-30

O principal objetivo desta estratégia é dividir o portfólio total de ações em diferentes exposições geográficas, mapeando o mercado global por via de um número limitado de ETFs. O índice global é dividido entre América do Norte, Europa e países emergentes.
Muitos defendem este modelo devido ao excesso de exposição geográfica nos EUA em índices clássicos como o MSCI World. Alguns especialistas criticam a alta concentração de ativos oriundos dos Estados Unidos, principalmente quando excedem os 60% de alocação.
A preocupação neste tema é compreensível no contexto do aumento do risco em concentrações regionais, contudo tem sido relativizado devido à rede global do sistema econômico cada vez mais interligado.

Como investir em regiões de forma individual? A melhor forma de investir nos EUA é com um ETF a seguir o MSCI North America ou, alternativamente, no FTSE North America. Se desejar excluir o Canadá, basta escolher o MSCI USA ou simplesmente investir no índice S&P 500. O mercado de ações europeu é coberto por um ETF no STOXX Europe 600 ou no MSCI Europe, e para os mercados emergentes pode incluir um ETF a seguir o índice MSCI Emerging Markets
Exemplificando este modelo, poderá optar por alocar 40% do seu portfólio nos EUA, 30% na Europa e os restantes 30% em mercados emergentes. Com esta combinação poderá  conseguir diversificar a sua carteira, em mais de 3000 ações de empresas em todo o mundo. Uma solução possível neste modelo, pode ser a combinação dos ETFs já analisados: 40% SXR8 – 30% MEUD – 30% EIMI.

Muitos investidores optam por simplificar ainda mais esta estratégia, optando pela escolha de apenas 1 ou 2 ETFs. As escolhas mais tradicionais são o investimento único no ETF da Vanguard, VWCE, que tem a contrapartida de alocar mais de 56% nos EUA, ou na combinação dos ETFs da iShares IWDA+EIMI, de forma a obter cobertura global, mas que juntamente podem gerar mais custos totais em transações.

Outros aspetos relevantes a considerar

Ficaram registadas algumas estratégias que podem ajudar os investidores iniciantes a iniciar o seu percurso nos mercados financeiros.
No entanto, existem várias questões básicas que deve esclarecer antes de construir o seu portfólio: Quais são os seus objetivos de investimento? Quanto dinheiro deseja investir? Como se proteger face a volatilidade do mercado?
Mesmo que os portfólios mencionados acima sejam considerados modelos básicos, não significam que sejam adequados para os seus objetivos.

Quanto menor a riqueza, menos importante é a diversificação da sua carteira. No entanto, conforme a riqueza aumenta também aumenta a volatilidade, aumentando a necessidade do investidor em se posicionar de forma mais estável possível.
Pessoalmente favoreço a estratégia 70/30 com boa parte do capital investido no MSCI World e MSCI Emerging Markets e uma pequena percentagem em ETFs temáticos ou ações individuais de empresas, combinando depois com ETFs de obrigações protegidos de variações cambiais (hedged).

Se pretender conhecer mais tipos de estratégias ou portfólios, recomendo os sites Backtest.curvo e Lazy Portfolio ETF que possuem várias outras soluções.

   by Miguel Oliveira